Conhecida por Orca de Forles, é uma anta situada entre as povoações de Pereira e Forles.
Foi explorada por Leite de Vasconcelos, em 1896 que levou os materiais exumados para o Museu Nacional de Arqueologia
“Embora dentro do povoado, também em Forles se realiza, todos os anos, a festa de Santa Luzia, no dia 13 de dezembro, com nutrida afluência de romeiros de todos o vasto planalto sobre o qual assentam as terras dos concelhos de Vila Nova de Paiva, Moimenta da Beira, parte do Sátão e Sernancelhe.”
Excerto retirado do livro “Terras do Concelho de Sátão” do autor Albano Martins de Sousa (3ª edição, 1991)
No extremo norte do concelho do Sátão, a demarcar as freguesias de Águas Boas e de Lamosa e, portanto, os concelhos do Sátão e Sernancelhe, levanta-se uma enorme pedra de granito que, desde tempos imemoriais, ali foi posta para servir de marcão.
É o famoso Marco ou Pedrão de Águas Boas, espadaúdo, e com cerca de quatro metros de altura, mais delgado no cimo que no fundo.
Outrora, antes da florestação da serra, via-se de longe, imponente e sisudo, qual esfinge em pleno planalto, até mesmo do terreiro de Nossa Senhora da Lapa, a nascente. Hoje, com o pinhal envolvente, já não oferece essa hierática majestade, e só se vê quando viajante, da estrada Águas Boas-Lamosa, dele, quase de improviso, se aproximar.
Também ele tinha o seu mistério que, há cinquenta anos, dois irmãos tentaram desvendar.
Dizia-se que, nos alicerces da enorme pedra, havia um tesouro fabuloso, tesouro esse que, noutras eras, lá puseram a guardar.
E então a fantasia, picada pela avidez e sonho de riqueza, põe-se a trabalhar. Certa noite, dois irmãos, tão gananciosos quão irreverentes, com todo o arsenal de ferramenta, e a coberto da noite, lá se vão descavar o penedo, que acaba por cair sobre a terra removida, mas sem estrondo pela cama fofa que lhe prepararam.
E o tesouro? O tesouro, só ao clarear da manhã, lá de trás da Serra da Lapa, se pôde reconhecer. Terra, pedregulho e mais nada.
Envergonhados, derreados com o peso da ferramenta e acanhados, lá conseguem esgueirar-se para as alcofas antes que a manhã os denunciasse e o escândalo corresse de boca em boca, enquanto os galos madrugadores não deixavam de repetir: “Mostrem o tesouro”.
Reposição
Caiu o Pedrão de Águas Boas, repetia-se com frequência na serra. Não podia continuar assim. Homens decididos sempre os houve, e também ali apareceram.
Um bom homem, professor na Lapa. António de Lemos, não esteve com mais aquelas. Convidou toda a gente das três freguesias, de Quintela da Lapa, de Lamosa e de Águas Boas, a levantar o Pedrão.
E assim foi. Num domingo, conta-nos o Sr. Adelino Dias, aí há 50 anos, no fim da missa, lá foi toda a gente. E com juntas de vacas, cordas calabres, por entre a satisfação geral, o enorme bloco de granito voltou à sua posição, e tão contente que jurou não mais consentir que, para o roubar, lhe fizessem (outra vez) cócegas nos pés.”
Excerto retirado do livro “Terras do Concelho de Sátão” do autor Albano Martins de Sousa (3ª edição, 1991)
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